30 de setembro de 2010

A GLÓRIA DO TRABALHO MISSIONÁRIO

Efésios 4

Autor: Pr. Jarbas Ferreira da Silva

A palavra glória é extremamente rica. Ela contém a noção de majestade, imponência, valor e beleza. Paulo, certamente, experimentou inúmeras vezes a presença maravilhosa do Senhor Jesus, e sabia muito bem, que tê-lo ao nosso lado, é o bem mais precioso, que alguém pode usufruir. A companhia do Espírito Santo (v.30) é não só a garantia da nossa herança futura nos novos céus e nova terra, mas de imediato, nesta vida, a nossa segurança e força para nos conformar à imagem de Cristo. Um cristão deve ser conhecido por imitar a Cristo e amá-lo acima de tudo.

Para alguns a obra missionária revela o seu valor na grandeza de seus missionários, dos resultados, sejam eles, conversões em massa, a implantação de novas igrejas, e a tradução das Escrituras em línguas vernáculas. Entretanto, tais critérios podem ser enganosos. Eu mesmo pude observar o resultado a posteriore de cruzadas evangelísticas, seguidas de números estrondosos, e glórias humanas, as quais por fim revelaram, que seus frutos não só foram efêmeros como desapontadores. Há várias razões e meios, que podem influenciar as massas sofridas a levantarem as mãos em sinal de aceitação do Evangelho, mas o transplante de coração necessário requer mais que uma decisão emocional ou levada pelos constrangimentos das circunstâncias.

O discipulado é o tema missionário de Paulo neste capítulo. O Evangelho é sim, o poder Deus para a salvação de todo aquele que nele crê, mas, isto significa salvação da tirania do pecado. Mudança de mente e coração revela o efeito profundo desta salvação. Transformação de mente e valores, revelados numa nova filosofia de vida. ( v.17-24 ). Os dons, diz, o apóstolo, dão a igreja a força necessária, para propiciar o ensino e a formação de Cristo no caráter e fé dos decididos. Por isso, o Cristão é aquele que deixa: a mentira, o ódio, o roubo, a maldade, e passa a ser amoroso, perdoador, ajudador e puro diante de Deus e dos homens. (v.25-32). Desta forma, o serviço missionário tanto nas suas estratégias, como em seus motivos e alvos, só trará glória a Cristo, se conduzir pessoas a nascerem de novo, e a imitarem aquele que as salvou. Não pode a árvore má dar bons frutos, sendo assim, todo aquele que se diz ser de Cristo, precisa andar como Ele andou. Missões então só trará glória a Deus, se insistir em promulgar e estimular, plena fidelidade a amor ao Mestre maravilhoso.

Verdadeiramente, um missionário deve levar consigo não só uma mensagem, mas antes de tudo, um testemunho; não ter somente um bom preparo acadêmico, mas ter, antes de qualquer coisa, um caráter em formação e debaixo do senhorio de Cristo, andando cheio do seu Espírito. Ele não será perfeito, mas nunca cederá, as derrotas espirituais momentâneas. Em humildade, ele falará do seu Salvador e encorajará ao povo ao qual ele se consagrou, a preservar no amor e serviço santo, do seu Senhor. A glória de qualquer projeto missionário, não poderá ser medida por nós, pois, só Deus, tem esta prerrogativa, mas, a glorificação do Pai e do Filho, na direção do Espírito Santo, deverá ser sempre nosso alvo, e neste capítulo, ela somente, poderá acontecer se pecadores, se tornarem discípulos de Cristo; não meros ouvintes da Palavra, mas com certeza praticantes da mesma.

Cristo sendo amado e se tornando visível, no caráter das pessoas, é um sinal inconfundível que, no Senhor o trabalho missionário não é em vão.

A Deus toda a glória.

MIAF Brasil

24 de setembro de 2010

UMA TAREFA DE CONSEQUÊNCIAS ETERNAS

O propósito de Deus é o evangelho todo, pregado por toda a igreja, em todo o mundo, a cada criatura. A visão de Deus é o mundo todo, o método de Deus é a igreja toda e o tempo de Deus é agora. A evangelização é uma tarefa imperativa, intransferível e impostergável. A evangelização é uma tarefa inacabada e de conseqüências eternas. Em João 4.31-35 Jesus nos dá quatro princípios sobre a evangelização como uma tarefa de conseqüências eternas.

1. Precisamos ter visão

“... erguei os olhos e vede os campos, pois já branquejam para a ceifa” (Jo 4.35). Precisamos ter a visão de que o homem sem Cristo está perdido. Desde o ateu ao religioso, do doutor ao analfabeto, do homem das grandes metrópoles ao homem do campo. Precisamos ter a visão de que as falsas religiões proliferam celeremente como um rastilho de pólvora. Precisamos ter a visão de que oportunidades não aproveitadas hoje podem se tornar em portas fechadas amanhã. Precisamos ter a visão de que o crescimento de um evangelho híbrido, heterodoxo e sincrético que recrudesce em nossa nação, não é portador de boas novas de vida eterna, pois na verdade, é um outro evangelho, uma mensagem desprovida de salvação.

2. Precisamos ter urgência

“Disse-lhes Jesus: A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4.334). Jesus estava com fome, mas tinha algo mais urgente para fazer do que se alimentar. Seu propósito era dar a água da vida para a mulher samaritana. Precisamos ter a mesma urgência de Jesus. O que nos impede de evangelizar não é tanto a falta de método, mas falta de paixão. Precisamos clamar como Raquel: “Dá-me filhos, senão eu morrerei”. Precisamos chorar como John Knox, o pai do presbiterianismo: “Dá-me a Escócia para Jesus, senão eu morro”. Precisamos gritar como Paulo: “Ai de mim se não pregar o evangelho”. Muitas vezes ouvimos a Palavra de Deus, freqüentamos a Escola Dominical anos e mais anos, fazemos treinamento e até participamos de congressos, mas, não cruzamos a rua para falar de Jesus ao nosso vizinho. É tempo de falarmos de Cristo e isso com um profundo senso de urgência.

3. Precisamos ter compromisso

“... pois os campos já branquejam para a ceifa” (Jo 4.35). Um campo maduro para a ceifa exige do agricultor o compromisso de uma ação imediata. A evangelização é uma ordem e não uma opção. É um mandamento e não uma recomendação. A evangelização só pode ser feita pela igreja. Nenhuma outra instituição na terra pode cumprir essa tarefa. A igreja é o método de Deus. Se a igreja falhar, Deus não tem outro método. Se o ímpio morrer na sua impiedade, Deus cobrará de nós o seu sangue. A evangelização não pode esperar. Ela é impostergável. Se não ganharmos para Cristo esta geração, nesta geração, teremos fracassado rotundamente.

4. Precisamos ter investimentos

“... pois os campos já branquejam para a ceifa” (Jo 4.35). Quando uma lavoura está madura, colhemos os frutos, ou perderemos a safra. Na evangelização não é diferente. Precisamos fazer dois tipos de investimentos. O primeiro deles é financeiro. O melhor investimento que podemos fazer é na evangelização. Quem ganha almas é sábio. Uma vida vale mais do que o mundo inteiro. O segundo investimento é o investimento da vida. Precisamos dar-nos a nós mesmos a esta obra de conseqüências eternas. A obra de Deus é feita não apenas com boas intenções, mas de ações concretas. Fomos chamados do mundo para sermos enviados ao mundo como ministros da reconciliação, embaixadores de Deus e portadores de boas novas de salvação. Jim Elliot, missionário mártir entre os índios do Equador, disse corretamente: “Não é tolo aquele que dá o que não pode reter para ganhar o que não pode perder”. Há uma grande alegria e uma gloriosa recompensa para os ganhadores de almas (Jo 4.36). Essa recompensa vale mais do que todo o ouro da terra!

Rev. Hernandes Dias Lopes

21 de setembro de 2010

O QUE É NECESSÁRIO PARA UMA EVANGELIZAÇÃO QUE ALCANCE TODOS NESTA NAÇÃO?

Pastor Raul Cavalcante Batista é líder da Assembleia de Deus em Imperatriz (MA) e capelão da Polícia Militar no Maranhão.

Disse Jesus: "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criaturà', Mc 16.15. Essa é a ordem imperativa de Cristo, portanto esta deve ser a prioridade da Igreja: evangelizar, fazer missões, alcançando o homem em qualquer faixa etéria e em qualquer faixa social que se encontre, pois o desejo de Deus é que todo homem chegue ao pleno conhecimento da verdade e seja salvo (1 Tm 2.4).

A igreja tem recursos humanos, financeiros e espirituais disponíveis para cumprir a sua missão na Terra. Em Atos dos Apóstolos 1.8, Jesus promete aos discípulos: "Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra". O Senhor não nos daria uma missão sem nos dar também os meios para realizá-la. Por isso, a promessa a respeito do poder do Espírito Santo.

"Por todas as partes"

O que realmente precisamos hoje e sempre é que cada igreja faça o que os discípulos fizeram em Marcos 16.20: "Tendo eles partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram". Observe a iniciativa dos discípulos. Eles não se preocuparam com as circunstâncias, mas simplesmente obedeceram à ordem de Cristo. Começaram pregando "por todas partes", e é exatamente isso que a igreja precisa fazer na atualidade: pregar o Evangelho a todas as pessoas, sejam nos lares, nas escolas, universidades, comércios, hospitais, ou presídios, e o resultado será que o Senhor confirmará a sua palavra com sinais e fornecerá todas as provisões necessárias para a realização da missão de Sua Igreja.

Responsabilidade

É da responsabilidade da igreja atual a salvação desta geração, portanto levantemos nossos olhos para contemplarmos os campos que estão brancos para a ceifa, e vamos dar as mãos nesse mutirão nacional para salvar vidas.

Que todas as crianças, todos os jovens, todos os anciãos, todos os empresários, todos os profissionais liberais, todas as mulheres e todos os obreiros utilizem todos os meios para salvar alguns.

Esta é a hora, pois o dia está findando e "a noite se aproxima, quando ninguém poderá trabalhar" .

Evangelização criativa

Vamos utilizar o rádio, o jornal, a tevê, os lares e as reuniões especiais para compartilhar o amor de Jesus para com as pessoas de todo o mundo.

Podemos, por exemplo, reunir os empresários, médicos, militares, profissionais de Direito, gente das associações de bairros etc, em eventos especiais em nossas igrejas. Temos feito isso no Maranhão.

Além dessas atividades, temos ainda 600 grupos de evangelizadores trabalhando nos lares, estendendo a igreja até às casas, para chegar mais perto das pessoas.

Também temos o projeto Caminhoneiros para Cristo, que distribui CDs com mensagens direcionadas aos motoristas, e estamos preparando jovens que queiram doar suas férias para Jesus, a fim de usar esse tempo de férias para a evangelização na cidade e em outras localidades.

Creio que este é o tempo da Grande Colheita e o tempo de muitos milagres. É o tempo da Igreja.

Não podemos perder o tempo da visitação de Deus para esta geração.

(MP)

17 de setembro de 2010

CHAMADA DE JOSÉ SATÍRIO DOS SANTOS

MISSÃO EM CÚCUTA - estou lendo-o pela quarta vez. Livro inspirativo, pedagógico, leitura totalmente indispensável aos que amam a obra missionária.

Sinopse do livro

Em 1974, José Satírio dos Santos era um evangelista de tempo integral na Assembleia de Deus de Tupã, São Paulo. Residia no porão da igreja sede. De dia cuidava de uma chácara, e à noite auxiliava na igreja. Foi num domingo, depois do culto à noite, estando em casa com a família, que José Satírio teve uma experiência da qual nunca imaginara. Depois de todos deitarem-se, ele ajoelhou-se para orar ao lado de sua cama, como de costume. Aconteceu que, naquela oração, uma força estranha o envolveu e ele sentiu-se transportado a uma grande velocidade indo parar no alto de uma montanha. Encontrou-se no meio de uma rua, cortada adiante por uma avenida, onde viu homens trabalhando e quando viram-no, levantaram-se e um deles o saudou: “Bem-vindo à Colômbia, irmão José!” “Fizeste bem em vir aqui”, disse o homem. “Há um grande trabalho que Ele quer realizar, e o fará através de ti”. José Satírio acompanhou-o depois para conhecer a cidade. Chegaram a uma casa, onde entraram, e sentaram-se à mesa. Uma mocinha trouxe café com leite, pão, queijo e manteiga. Oraram dando graças pela refeição. Num dado momento uma espécie de pergaminho, surgido do nada, desenrolou-se em sua frente. Estava escrito em grandes letras luminosas: “Deus, eu vi uma terra feliz!”. Naquele momento as imagens da visão começaram a confundir-se e o irmão Satírio voltava de sua visão. Ainda chegou a ouvir a expressão da moça: “Colômbia!”

Ao tomar consciência de que estava novamente em seu quarto, por um instante imaginou ter adormecido durante a oração. Havia se passado pouco mais de uma hora. Para entender de que tivera mesmo uma revelação de Deus, a prova foi: havia pão e queijo de verdade em sua boca!

Temeroso, perguntou ao Senhor o que estava acontecendo. Teria ele sido transladado até a Colômbia? O Senhor dissera: “Eu sou o mesmo. O que transportou Filipe também transportou a ti”.

Tempos mais tarde, José Satírio dos Santos e sua família rumavam para a Colômbia, onde plantou uma obra que frutificou milagrosamente!

(Missão em Cúcuta, CPAD)

10 de setembro de 2010

O MISSIONÁRIO E A SOLIDÃO

" ...porque era ele único, quando eu o chamei", Is 51.2.

Sempre que Deus requer de alguém que faça algo grande, envia-o a um refúgio solitário. Chama-o para que vá sozinho. Quão solitários andavam os profetas de Israel! João Batista estava só em meio a uma multidão.

Paulo teve que dizer: "todos me abandonaram". E quem esteve mais só que nosso Senhor Jesus Cristo?

Há um mistério no coração humano: ainda que estejamos rodeados por um exército de pessoas que nos amam, e cujo amor correspondemos, há momentos em que cada um de nós passa pela sensação de absoluta solidão. O amigo mais apreciado é alheio ao nosso gozo, e não pode compreender nossa amargura. "Ninguém realmente pode entender o que acontece nos meus sentimentos" é o clamor que eleva cada um em seu tempo, quando anda solitário. Não importa qual seja nossa sorte, cada coração, profundo mistério, deve viver sua vida interior em solidão.

E, sabe qual é a razão? É porque o Senhor deseja nosso amor: deseja ocupar o primeiro lugar em cada coração. Por isso, guarda para si a chave secreta, para abrir todos os corações e abençoar com perfeita compaixão e santa paz ao coração solitário que chama por Ele. Por isso, quando sentires solidão, Jesus por certo dirá: "Venha a mim". Cada vez que fores incompreendido, Sua voz chama, porque somente Cristo pode dar satisfação à alma. Aqueles que caminham com Ele jamais vivem em solidão.

É nesse momento que Deus se revela aos seus filhos de forma gloriosa. Foi no exílio solitário que Jacó viu a Deus em Betel; que Moisés viu a Deus na sarça ardente; que Elias ouviu Sua voz de um suave silêncio; que Ezequiel viu a semelhança da Glória do Senhor, às margens do rio Quebar; que Daniel viu o Ancião de dias; e que João viu a Cristo em toda sua glória.

"As vitórias de Deus não são as multidões que ganham. O homem que se atreve a ir onde outros retrocedem, se encontrará só, mas verá a Glória de Deus" - Gordon Watt.

(Pr. Joel Lucas Corrêa - Revista Boas Novas)

8 de setembro de 2010

PARA ONDE VOCÊ VAI?

Hoje (08.09), sendo feriado nesta cidade, estando em casa, e percorrendo outras páginas da web, trago aqui um link missionário de grande valor evangelístico: www.destinofinal.com.br.

No item do menu principal (baixe grátis) você pode trazer para o seu computador, e também indicar aos seus amigos, todo o material apresentado: papel de parede, powerpoint, vídeo, elivro e folheto (para breve o audiolivro). Excelente mensagem!

Destino Final

3 de setembro de 2010

MISSÕES E MENTIRAS

Há alguns anos assisti ao filme chamado "A chave do sucesso". Havia um personagem cujas despesas estavam sendo custeadas para que ele fosse a um Congresso vender produtos da empresa em que trabalhava. Entretanto, durante o Congresso, o funcionário gasta todo seu carisma, simpatia e tempo evangelizando as pessoas para as quais deveria estar vendendo o produto do seu patrão. Esta é a questão debatida no filme.

Lembro-me das histórias do "Contrabandista de Deus" do irmão André. Histórias fascinantes em que ele contrabandeava Bíblias para trás da cortina de ferro, dando acesso à leitura da Bíblia aos milhões de oprimidos pelo Governo Comunista.

Sei de missionários que vão a países extremamente fechados, onde cristãos são perseguidos e mortos caso ousem evangelizar. Nesses países só é possível entrar como "fazedor de tenda". São missionários biocupacionais. Entram legalmente como médicos, professores, dentistas, enfermeiros etc. São situações delicadas, uma vez que até suas vidas correm risco.

São exemplos de evangelismo as ações citadas acima, mas todos esses casos (e tantos outros) precisam sempre ser cuidadosamente discutidos no âmbito da Igreja, pois, às vezes, há situações – creio que o exemplo do filme – correndo o risco de se transformar num contrasenso na evangelização cristã: usar da mentira para pregar a verdade. O cuidado com a ética, com o testemunho, com as ideologias e justificativas usadas para a evangelização mundial deve-se fazer presente para que não deixemos que por nossas próprias mãos a mentira situe-se onde não deve estar.

"Ilegais, graças a Deus" de Braulia Ribeiro, artigo publicado na Revista Ultimato, nº 321, edição de novembro-dezembro de 2009, comete o equívoco de seguir por um caminho em que os fins justificam os meios: abençoar a nação americana legitimaria a ilegalidade evangélica. O título e o texto se juntam numa apoteose apologética a favor da idéia de que Deus está por trás da presença ilegal (portanto, criminosa) de crentes na América. Mas qual seria a justificativa para Deus apoiar uma ação criminosa? Segundo o texto, a evangelização de uma América agora decadente. "As casas residenciais estão indo a leilão, negócios estão falindo, fachadas com pinturas gasta, lixo nas ruas", assim a presença ilegal dos imigrantes de fé cristã é justificada porque eles, na verdade, são o "Israel redivivo" que irá reconquistar a América para Deus. Mas a autora parte de uma premissa falsa, pois os brasileiros que entraram ilegalmente nos Estados Unidos não entraram PARA evangelizar ou PARA abençoar a América. Eles não sairam do Brasil apoiados por agências missionárias, Igrejas e muito menos estão num Projeto de Missões para evangelizar os cidadãos americanos. Eles foram para os Estados Unidos por motivos pessoais, do contrário, não estariam na situação de imigrantes ilegais. Eles não são missionários que se encontram em algum país fechado ao evangelho e estão dispostos ao martírio por amor à evangelização daquele povo. Quando confrontados com a pergunta se são missionários, estão dispostos a entregar a própria vida, se preciso for, ao responder que "sim, somos missionários, somos discípulos de Jesus"! O mesmo não acontece com os imigrantes ilegais: eles precisam fugir, se esconder, ocultar a verdade e até mesmo mentir para não serem deportados.

Assim, o salto que é dado para explicar a presença abençoadora dos imigrantes ilegais cristãos na América, usando o exemplo de Israel, é totalmente equivocado. Ao contrário do que o texto da Ultimato diz, Deus não promete "expulsar algumas nações", mas TODAS as nações que habitavam a Terra Prometida. Não era para ficar ninguém daquelas nações pagãs, porque chegara para elas o momento de juízo da parte de Deus (Dt 9.5). Todavia, Israel passa a fazer alianças com os povos que Deus prometera expulsar e esta desobediência é a causa de sua derrocada espiritual. Isto logo se demonstra no livro seguinte ao Deuteronômio, o dos Juízes.

A lei para amar o estrangeiro não estava ligada aos estrangeiros que estavam na Terra Prometida, até porque é óbvio que eles não eram estrangeiros, mas, sim, os donos da terra. Estes deveriam ser expulsos e aniquilados, sem que houvesse nenhuma possibilidade de aliança. Mas, uma vez constituída a nação de Israel, deveria se respeitar o estrangeiro "porque fostes estrangeiros na terra do Egito".

Assim, Israel não entrou na Terra Prometida para abençoar os povos dali, mas para a execução deles. Do mesmo modo também, Deus usará por diversas vezes outras nações pagãs para a execução do seu juízo sobre Israel em tantos cativeiros que virão dali para frente. Agora, transportar tudo isso, que foi exclusivo das promessas de Deus para a nação de Israel, e aplicar à situação dos imigrantes ilegais na América é entortar o texto das Sagradas Escrituras. Pior, se o texto a ser usado é esse mesmo (Dt 9.5), então é de se esperar que a presença cristã na América está só aguardando a bancarrota final para tomar aquele país. É claro que não é nada disso o que se está querendo dizer no texto da autora, mas apenas que Deus apoia a presença ilegal (e até a planeja) para que os criminosos abençoem os donos daquela terra tão carente de evangelização...

"Migração, diversidade e mistura entre povos é coisa de Deus", a premissa é verdadeira, mas ela é usada para justificar a imigração ilegal, a diversidade criminosa e a mistura forçada em um país que tem tanto direito de cuidar do próprio quintal como qualquer outro país no mundo. As fronteiras são direito sagrado, assim como as cercas e as portas que protegem nossas famílias. Fechar fronteiras é o direito das nações. "Pular" fronteiras é crime! É a lógica do invasor, do usurpador: já que está tudo desmoronando, improdutivo, vamos tomar posse! Mas a avaliação do critério "improdutividade" torna-se subjetivo e manipulado. É a mesma moral que rege a ação do MST (Movimento dos Sem Terra). Entretanto, ainda que esta venha defendida por textos bíblicos cavados e manipulados por uma linha católica e evangélica que apóia a invasão de terras, só porque crê na falsa pregação de que "Deus criou o mundo para todos e o homem colocou as cercas", ainda assim esta moral não deixa de ser uma falácia para sustentar crimes. Isto não é abençoar.

Haveria excessões à mentira? Haveria atenuantes? Se há, não no contexto de um país democrático e livre, cujos cidadãos pagam seus impostos e vêem seu sistema de saúde inchar com a presença de quase de 30 milhões de imigrantes ilegais! E, certamente, nesse enorme número será uma minoria infinitesimal o número de cristãos. Logo, deve o Governo americano tratá-los de uma maneira diferenciada só porque, segundo o argumento de Braúlia, eles estariam ali para abençoar? E o que é ainda mais falacioso no texto, tentar ligar por extensão de argumento o direito à defesa nacional de um país soberano e democrático ao que aconteceu na África do Sul durante o apartheid: então, defender os interesses justos de uma nação e seus cidadãos é a mesma coisa que segregar?!

Usar mentiras para evangelizar é uma tentação que precisa ser enfrentada pela Igreja. Se não há teólogos, pensadores, filósofos cristãos para que "a linha de frente" reflita lá no campo sobre suas ações, aqueles existem dentro de nossas igrejas e seminários e poderiam ser ouvidos nessas questões. Mais uma vez, creio que sofremos pela dicotômia antibíblica que insiste em separar a Teologia da Missiologia.

Históricamente, tem-se indagado se haveria casos em que as mentiras seriam justificadas: para salvar a vida de um inocente ou para preservar algum valor como justiça, beleza, honra etc. Desde tempos mais antigos, debate-se a idéia da "restrição mental", "o direito de se calar", a "ocultação da verdade", entre outras coisas. Hoje se desenvolveu a tese do "mal menor" que se alastra em trabalhos de Mestrado e Doutorado nas Academias. Kant, Tomás de Aquino e Agostinho concordaram que seja qual for a situação é sempre melhor dizer a verdade, independente de quais forem as consequências. Ainda em tempo, um bom ponto de partida é assumirmos que todos somos mentirosos, assim como dizem as Sagradas Escrituras: todos mentem e enganam sem parar (Rm 3:13a). Poderíamos, enfim, caminhar em temor e tremor com a Graça de Deus pelos labirintos e recôndidos de nossa natureza pecadora, discernindo e avaliando o quanto temos misturado de mentiras à prática da ação missionária da Igreja, reconhecendo onde caímos para, arrependidos, retornarmos ao caminho da piedade. Isto, sem dúvida alguma, exigi-se de cada um de nós como exercício diário.

Fábio Ribas

Agencia Presbiteriana de Missões Transculturais - APMT