30 de julho de 2010

AS MULHERES DÃO O EXEMPLO

Em São Paulo, certa vez um aluno de um seminário pentecostal, perguntou ao professor sobre o papel da mulher na Igreja, ao que ele respondeu curto e grosso: “Na Igreja, calada e sentada no último banco”. A esse professor, o Dr. Harvey Cox, sociólogo, profundo estudioso do avivamento em todo o mundo, em seu livro “Fogo do Céu”, responde: “É impossível pensar em pentecostalismo sem as mulheres”. O grande fundador do pentecostalismo, William Seymour, foi tocado por Deus através de uma jovem, Lucy Farrow; foi recomendado por uma segunda mulher, Nelly Terry, a uma terceira, a evangelista Hutchins, que na verdade lhe providenciou um lugar para exercitar seu chamado. Da evangelista Hutchins à senhora Aimee Semple McPherson (fundadora da Igreja do Evangelho Quadrangular) à grande evangelista dos anos 60, Kathryn Kuhlmann, as mulheres têm combinado a desempenhar um lugar proeminente no movimento pentecostal. O pastor David Yongi Cho disse: “Se existir um campo missionário muito difícil, mas muito difícil, envie uma mulher”. “Quanto mais difícil e perigosa a tarefa, maior o número de mulheres em proporção aos homens” (Herbert Kane).

Apesar da oposição de algumas igrejas e lideranças masculinas em reconhecer-lhes o chamado divino, as mulheres nunca recuaram diante do tratamento desigual: quando eram barradas do púlpito, pregavam nas ruas; quando eram rejeitadas na ordenação, tornavam-se missionárias e iam para onde os homens preferiam não ir. Tornaram-se professoras, escritoras, editoras, mulheres de oração pelos enfermos, realizando, como Jesus, milagres e prodígios. Em alguns casos, continua faltando à mulher a oportunidade de exercer o ministério em sua igreja local.

Catherine Booth

No século XIX, Catherine Booth, esposa de William Booth e co-fundadora do Exército da Salvação, escreveu: “Oh! Como seria bom que os ministros da religião pesquisassem os registros originais da Palavra de Deus, a fim de descobrir se Deus realmente pretendeu que a mulher sepultasse seus dons e talentos, como o faz agora, com referência aos interesses de sua Igreja”.

Lottie Moon

Missionária que viveu entre 1840 e 1912. Era, carinhosamente, chamada de “Santa Padroeira das Missões Batistas do Sul”, missionária na China durante 39 anos. A historiadora Ruth Tucker afirma que Lottie, ao morrer “se tornara para as mulheres batistas do Sul um símbolo do que elas mesmas gostariam de fazer para Deus. Um exemplo brilhante da feminilidade cristã e da igualdade sexual”. Essa mulher de fibra, após enfrentar obstáculos por falta de homens no campo missionário, certa vez clamou por “mulheres fortes e vigorosas” para encher as fileiras deixadas vazias pelos homens. A exemplo da Missão Metodista, teve que pedir o reforço feminino para resgatar o programa missionário no estrangeiro.

Amy Carmichael

Missionária presbiteriana (1867 – 1951) do Reino Unido, atuou durante vinte e cinco anos na Índia, fundadora da Associação Dohnavur, para resgatar crianças da prostituição dos templos hindus. “Dá-me o amor que me guie os passos, a fé que não se deixe abalar por nada, a esperança que não se canse com nenhuma decepção, a paixão que queime como fogo; não me deixes afundar e me transformar em barro: faze-me teu combustível, uma chama de Deus”.

Gladys Aylward

Foi missionária por muitos anos na China (século XX). Pregadora do Evangelho, salvou 100 crianças da guerra. Tornou-se uma celebridade. No entanto, ela mesma disse: “Eu não fui a primeira opção de Deus para o que fiz pela China. Havia outra pessoa... Não sei quem era a primeira escolha de Deus. Deve ter sido um homem – alguém maravilhoso. Um homem bem educado. Não sei o que houve. Talvez ele tivesse morrido. Talvez não se mostrasse disposto. E Deus olhou para baixo... e viu Gladys Aylward”.

Aimee Semple McPherson

Ao morrer, com 55 anos de idade, 21 de ministério, ela havia vivido o suficiente para fundar uma das mais importantes denominações pentecostais do mundo – a Igreja do Evangelho Quadrangular. Sua denominação tinha 410 igrejas em toda a América do Norte, com cerca de 20 mil membros. Hoje tem mais de 25 mil igrejas afiliadas e cerca de 2 milhões de membros em mais de 70 países do mundo. A irmã Aimee, certamente, deve ter feito alguma coisa certa. Essas e outras heroínas ainda não foram suficientes para obter o reconhecimento do chamado da mulher para expandir o Reino de Deus.

Lídia Almeida de Menezes

Fundadora e diretora do Instituto Bíblico Betel Brasileiro. Esse ministério conta com 68 igrejas no Brasil (1997), com missionários em várias partes do mundo e com cinco seminários em diferentes Estados do Brasil.

Outras mulheres

Lucy Farrow levou a Palavra de Deus à região de Norfolk (Virgínia), a caminho da África. Marie Burgess, juntamente com alguns cooperadores, fundou uma missão em Nova York. Florence Crawford levou o movimento pentecostal para Oakland, Portland e Seattle; era uma eloqüente pregadora. Maria Woodworth-Etter pregou em muitas cruzadas de avivamento em Dallas, em Chicago e em várias reservas indígenas dos Estados Unidos.

As mulheres da Igreja

Na Itália as mulheres constituem uma sensível maioria. Segundo relatórios o país tem um dos movimentos de mulheres mais energéticos no mundo dentro das igrejas, embora a maioria da sua liderança esteja com os homens.

Na Igreja brasileira, as mulheres, para poderem exercer seu chamado e, ao mesmo tempo, vencer uma cultura que valoriza mais o ministério masculino, tomam o nome de missionárias, uma mera questão de nomenclatura. 80% da força missionária brasileira é composta por mulheres. De acordo com pesquisas da SEPAL, 7% das força missionária são de homens solteiros, 22% de mulheres solteiras e 36% de mulheres casadas. De acordo com a Missão Novas Tribos, em 470 missionários, 70 são mulheres solteiras – numa média de 10 mulheres para um homem.

Que a Igreja brasileira desenvolva uma teologia brasileira, para saber até que ponto estamos refletindo a cultura e até que ponto estamos dispostos a desafiar essa cultura. Que o ministério de missionária tenha o mesmo status de uma ordenação ministérial na Igreja. Que sejam abertas às mulheres as oportunidades de falar em conferências e simpósios.

(Sílvia Geruza Fernandes Rodrigues – Raio de Luz)

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